Tu, aos quase 2 anos
Nos últimos tempos (dois meses, talvez, não sei se tanto) pedes-me para ficar ao teu lado enquanto adormeces. Facilita termos comprado uma cama de solteiro (Uau, que crescido!) e assim podemos ficar num namoro pegado antes da tua respiração se tornar mais profunda e eu sair pé ante pé (e sem respirar, para que a tua cabecita não se levante e não digas: 'mamã, aqui', para evitar que me escape do quarto e vá tratar das mil coisas que estão à espera). Agora aproveitas aqueles minutinhos antes do sono chegar para uma espécie de revisão da 'matéria dada'. Há dois dias descobriste que banana e maçã são fruta. Ontem dizias, de olhos fechados e mão na minha: 'Banhanha, futa! Maçã, futa!' Ou começas a cantar a música do sapo jururu que adoras. 'Sapo, juúú'. Ou ainda: 'amanhã, Ximão, popós'. Adoras carros. Dizes carro, autocarro, camião, carrinha, taxi, tuc-tuc e gritas num entusiasmo só quando vês um autocarro "amaielo" a passar na rua. 'Mamã, autocarro', 'Mamã, amaielo'. E também dizes 'salta, mamã'. E 'anda, mamã'. E 'apeta mamã' quando os sapatos estão desapertados. E 'hum' quando a comida te agrada. Continuas a não gostar de batatas. Adoras peixe assado ou grelhado, cozido nem vê-lo. Repetes tudo o que dizemos. Dás abraços bons quando nos vês chegar depois de um dia fora. Apertas-me as bochechas quando tens muitas saudades e me queres dizer que passámos demasiado tempo longe um do outro. Fazes-me miminhos na cabeça antes de adormecer. Adoras cócegas e ris-te à gargalhada. Trepas a tudo, corres pela casa, dás-me a mão para eu ir contigo para onde queres. 'Mamã, lá fóia' quando queres ir à varanda. Não se pode falar de aniversários que exclamas sorridente: 'Bolo'. Não tarda fazes dois anos, meu amor. E faz dois anos que conheci este amor que nos salta do peito desassossegado mas quente como um pijama polar vestido depois de uma chuvada.