Quando te conheci tinhas apenas 4 semanas e 3 milímetros. Eu? 1,60 metros, nem penses que vou dizer o peso e 29 anos no cartão do cidadão. A aventura de uma mãe inexperiente a viver a mais avassaladora experiência de todas
Quando te conheci tinhas apenas 4 semanas e 3 milímetros. Eu? 1,60 metros, nem penses que vou dizer o peso e 29 anos no cartão do cidadão. A aventura de uma mãe inexperiente a viver a mais avassaladora experiência de todas
Comecei a sentir-te às dezasseis semanas. Eras como um peixe no meu imenso aquário, a nadar nas águas calmas. Agora, aos seis meses de amor, o meu aquário parece um recinto olímpico, onde as modalidades mais acrobáticas têm lugar depois do jantar e pela noite dentro. São tantas e tão intensas que o teu pai não perde uma atuação, quando de mão na barriga chama por ti, meu amor. Imagino-te ginasta, cansado mas feliz, depois de tantas cambalhotas e pontapés, quando nos deitamos para dormir. O meu aquário é o sítio mais feliz do mundo. O sítio onde nos conhecemos. O nosso princípio de tudo. As nossas primeiras palavras, aquelas que só nós ouvimos.
Sinto bolhas de água na minha barriga. Normalmente a meio da tarde e depois do jantar. Sorrio sempre, mesmo que esteja a meio caminho entre a impressora e a minha secretária no trabalho ou a atender um telefonema de uma qualquer marca a tentar vender alguma coisa que nunca irei comprar. Quando dou por mim já estou a sorrir, imagino-te dentro da minha barriga a tentar comunicar. Também tento sentir-te de cada vez que como alguma coisa calórica para tentar convencer-me que és tu que pedes. Ainda não cheguei a nenhuma conclusão sobre os teus pedidos à la carte mas uma coisa é certa: não bebia leite há dez anos e agora passo o dia a atacar pacotes de leite com chocolate ou a sonhar que estou a atacar pacotes de leite com chocolate. Acho que se não experimentei as marcas todas do mercado estou lá bem perto. E já tenho a minha preferida: a que tem mais doce, claro.