Não subestimem as mães
Não subestimem as mães. Essas pessoas que saem do trabalho às 16h depois de uma jornada intensiva para deixar feito o mesmo que outros Fazem no dobro do tempo. As mães não fazem pausas demoradas para almoço nem se perdem em conversa, cigarros ou café porque têm que sair à hora. E mesmo assim enfrentam olhares de reprovação por saírem às 16h, por muito que a lei diga que existe uma licença para amamentação. Por muito que tenham trabalhado tanto ou mais que os outros. As mães saem às 16h e se correrem bem apanham o metro das 16:15, se estiverem de saltos altos não chegam a tempo por mais que corram. Por isso as mães também arrumam tantas vezes os saltos embora não prescindam de uma base para disfarçar as olheiras de acordar às 6 e meia da manhã com dois olhitos atentos e dois bracitos esticados a pedir colo. Dois olhitos e dois bracitos que só adormeceram uma hora depois, precisamente à hora a que tinham que acordar. As mães apanham o metro mas antes molham-se com a chuva e conseguem em dois minutos e meio ir a casa, beber um iogurte e tomar um duche quente para não ficarem doentes porque as mães não podem ficar doentes. E depois do iogurte e do duche correm para a escola da cria 17 minutos antes da hora marcada mas ainda assim com sentimentos de culpa de não terem conseguido chegar antes. As mães querem tanto chegar a casa para brincar com o bebé que na pressa se esquecem de tirar os pezinhos de plástico verdes com que se tem que andar na sala da creche e chegam a casa nessa linda figura depois de se terem cruzado com mil outras mães que também elas apressadas ou com sentimentos de culpa das horas não viram nem repararam por isso não avisaram. As mães também adormecem com uma mão e escrevem este texto com a outra porque às vezes, não sempre, têm necessidade de contar ao mundo que não deve subestimar as mães. Essas pessoas que se esforçam todos os dias por serem melhores e que podem estar tão cansadas que adormeçam em cima do jantar mas não tão cansadas que não esbocem um sorriso às seis e meia da manhã quando dois olhitos atentos e dois bracitos esticados pedem colo.