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Três Milímetros

Quando te conheci tinhas apenas 4 semanas e 3 milímetros. Eu? 1,60 metros, nem penses que vou dizer o peso e 29 anos no cartão do cidadão. A aventura de uma mãe inexperiente a viver a mais avassaladora experiência de todas

Três Milímetros

Quando te conheci tinhas apenas 4 semanas e 3 milímetros. Eu? 1,60 metros, nem penses que vou dizer o peso e 29 anos no cartão do cidadão. A aventura de uma mãe inexperiente a viver a mais avassaladora experiência de todas

Carta a ti, filho (a dias de te ter cá fora)

Comecei a sonhar-te há muitos anos. Primeiro sem saber, diz quem sabe que o ser humano começa a preparar-se para ter filhos aos 18 meses, altura em surge a consciência do tempo. Por isso sonho-te desde a altura em que era ainda uma criança e brincava com o meu bebé, o boneco de pano que levava, e babava, para todo o lado. Depois com as bonecas Ana e Catarina, que vestia e despia, punha e tirava da escola, dava e corrigia trabalhos de casa. Já aí eu te sonhava, tantos anos antes de te trazer aqui dentro, como agora. A dias de te ver cá fora, e ansiosa de te ver (e ter) cá fora, revejo o caminho que fiz para chegar a ti. A infância (a escola, as amigas de sempre, os bonecos, a segurança da casa e dos pais, as brincadeiras com os primos, as folhas de cheiro, a carrinha do avô e os bolos da avó, o quintal de Proença e os dias e noites de verão, as histórias inventadas com a outra avó entre pedacinhos de queijo, o pão com manteiga e os livros, as cassetes de música e VHS que gravava em repeat), a aventura da adolescência com todos os seus quês e porquês (os amigos, o café, os limites, a pertença, as dúvidas, o encontro e o confronto entre o que somos e o que desejamos), o início da vida adulta (e mais quês e porquês apesar de algumas certezas no caminho, as casas por onde passei, a casa onde me encontrei, as pessoas que conheci, os medos e desilusões que fazem parte dos percursos, a alegria das conquistas, os passos felizes, as histórias que a profissão permite contar, o teu pai, eu e o teu pai, as viagens, os momentos ). Comecei a sonhar-te há muitos anos. E agora que estou a dias de te conhecer só peço Ser a melhor mãe do mundo para ti. Não a melhor mãe do mundo para o mundo, mas a melhor mãe do mundo para ti. Saber ler-te, primeiro: saber se é fome, se é frio ou são cólicas. Proteger-te sem te sufocar de proteção. Fazer com que saibas que estou do teu lado, sempre, mesmo que não esteja na mesma divisão. Educar-te para os afetos e para o otimismo, para a expressão do que sentimos, para os abraços, as palavras, as brincadeiras e os livros. Para a felicidade das coisas simples como a chuva da janela, um petisco improvisado à mesa e um passeio no parque, sem deixar de te ajudar a sonhar com as mais complexas. Deixar-te crescer com margem, mas nunca estando à margem dos teus sonhos. Vais ter muitos, meu amor, ao longo do caminho. Viver é avassalador. Acarreta surpresas e descobertas, nem sempre é fácil, é verdade, mas vale tanto a pena, confia em mim. Estou a dias de te conhecer e tenho muitas mais coisas para te contar. Mas temos tempo, filho. Por agora quero dizer-te que podes vir sem medos, que estamos todos prontos para te receber. De braços e coração. Sonho contigo há muitos anos. Mas nada me preparou para a felicidade de te saber quase aqui.

Quero... V

Quero que sejas livre, nas tuas opiniões, nas tuas convicções, na tua forma de olhar para o mundo. Quero que tenhas e sintas a liberdade de mudar de rota se a que inicialmente escolheste não te fizer feliz. Porque é disso que se trata. De ser feliz, escolhendo. De procurar a felicidade nos vários caminhos. De não ter medo de mudar. De acreditar que é possível, é sempre possível. Mudar, tentar, ser feliz. Só quero que sejas feliz, meu amor. (Vou fazer tudo o que puder para que assim seja)

Falta um mês*

Tens praticamente o peso que a tua mãe tinha quando nasceu (é certo que eu nasci umas semaninhas antes e era um bebé pequenino)... estás tão crescido :) Hoje quando te fomos ver estavas na tua posição balnear preferida (as duas mãos atrás da cabeça) e gosto de pensar que este é um indício de que vais gostar tanto de praia como eu.

Eu? Estou grande, pesada e arrasto-me para chegar a todo o lado. As pessoas sorriem-me na rua, há até quem deseje boa sorte (é tão bom), e lá vou eu no meu/nosso caminho contigo para todo o lado, devagar, devagarinho.

As minhas camisolas estão cheias de nódoas (diz que é comum às mães-casulo), a minha memória continua lenta e a esquecer-se até do nome do meio e a cara está inchada e cheia de manchas. Mas sabes que mais? São tudo sinais de que estás quase a chegar e são por isso razão de sobra para a minha felicidade.

Falta pouco para nos vermos, meu amor. Já te disse que estamos muito felizes com a tua chegada? :)

*mais coisa menos coisa :)

A quem vais sair?

Faltam dois meses para nos vermos pela primeira vez olhos nos olhos. De dia para dia aumenta a minha vontade de te pegar no colo e te embalar, embora saiba que todos os dias te embalo ao ritmo dos meus passos. Estou a adorar estar grávida de ti meu amor, mas estou ansiosa por te ter nos braços. E por te conhecer cá fora, depois de meses de mimos no casulo. A quem sairás na gargalhada? Vais gostar de dormir de meias como o pai e de água quente como a mãe? Vais ser comilão ou pisco? Vais gostar de andar de colo em colo ou mais sossegado no teu berço? Estou ansiosa por descobrir tudo isto (e muito, muito mais). Mas temos tempo, pequenino. Temos todo o tempo do mundo. As nossas vidas já estão ligadas, pelo cordão umbilical a que também podemos chamar amor :)

"O seu filho é tão simpático"

Já foi há uns dias mas não posso deixar de registar. Urgência da Maternidade Alfredo da Costa numa sexta-feira à tarde. Diz o médico para a tua mãe, de olhos postos no monitor onde tu, como já nos habituaste, fazes a tua ginástica acrobática, bocejas, abres a boca, esfregas os olhos, pões os pés acima da cabeça, esticas-te todo, pões a mão debaixo da cabeça como se estivesses na praia a bronzear: "o seu filho é tão simpático. Não é nada tímido, vou aproveitar para me meter com ele mais um bocadinho". Já comecei a babar e ainda não nasceste, pequenino. Emprestas-me um dos teus babetes?

 

PS: É possível que o médico diga o mesmo a todas as mães que irrompem pelas urgências com o coração nas mãos e saem de lá com o coração no sítio certo, talvez um bocadinho maior de felicidade :) Mas o orgulho ninguém me tira, meu amor :)

Deste amor que cresce

A semana passada fomos ver-te a 3D. Quando te vi soube logo que eras meu, que eras nosso. Espreitámos o casulo por dentro. Vimos-te a fazer boquinhas, a bocejar, a esfregar os olhos, a agarrar o cordão e a brincar com ele. Vimos-te e foi tão bom. É sempre tão bom. Tal como é bom sentir-te, as tuas acrobacias de ginasta dentro do casulo, pôr a mão e responderes, saber que nos ouves aí dentro. É por isso que te contamos histórias e ouvimos a tua música. Queremos que nos conheças um bocadinho quando aqui chegares, vindo de dentro de mim para os nossos braços. Quero, queremos, estar à altura, sempre, da benção que é ter-te aqui. Da benção que é existires, meu amor.

 

Sete meses no teu/nosso casulo. Sete meses de um amor que cresce a cada dia. Sete meses de nós. Já gostas tanto de nós como nós gostamos de ti? :)

Apaixonados

Ontem vimos a tua carinha pela primeira vez. Estava virada para nós quando o médico ligou o ecógrafo. És igual ao teu pai, meu amor. E tinhas os pés entrelaçados um no outro como eu tantas vezes faço. 'Vejo-te' sempre que penso em ti, mas ontem vi-te 'a olhar para mim, para nós', pela primeira vez. E mais uma vez o meu coração deu graças pela graça de te ter.

Estás grande, quase um quilo, e eu continuo a delirar com as tuas acrobacias dentro da minha/nossa barriga, do teu/nosso casulo. E a sorrir de cada vez que, pensando eu estares a dormir, te mexes com vontade quando ouves a voz do teu pai por perto.

Estamos os dois apaixonados por ti. Já te tinha dito? :)

Quero...IV

Quero que gostes de rir. De rir com a boca toda, de rir até virem as lágrimas, de rir até doer a barriga.

Quero que gostes de ver a chuva da janela. E de contar as estrelas à noite e descobrir que as mais brilhantes são as nossas protectoras.

Quero que valorizes as pessoas. Que saibas que cada uma tem a sua história, que todas as histórias são diferentes e que é também com a diferença que crescemos e aprendemos a ser um bocadinho melhores todos os dias.

Quero que sejas feliz. Sempre. E que mesmo quando caíres saibas que eu vou estar do teu lado sempre para te ajudar a levantar.

 

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