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Três Milímetros

Quando te conheci tinhas apenas 4 semanas e 3 milímetros. Eu? 1,60 metros, nem penses que vou dizer o peso e 29 anos no cartão do cidadão. A aventura de uma mãe inexperiente a viver a mais avassaladora experiência de todas

Três Milímetros

Quando te conheci tinhas apenas 4 semanas e 3 milímetros. Eu? 1,60 metros, nem penses que vou dizer o peso e 29 anos no cartão do cidadão. A aventura de uma mãe inexperiente a viver a mais avassaladora experiência de todas

Conquistas

Hoje dobraste o riso pela primeira vez. Já tinhas dado gargalhadas, mas hoje foi diferente. Estávamos no corredor de um supermercado à espera do papá que tinha ido buscar um cesto e comecei a brincar contigo. A empurrar o teu carrinho enquanto agitava os braços. Primeiro sorriste, abriste a boca como costumas fazer. Depois, e que maravilha, uma sucessão de gargalhadas, um som tão feliz que me emocionou. Voltaste a fazê-lo em casa, numa brincadeira antes do banho. Cresces tanto todos os dias. E eu cresço contigo, encantada com o tanto que me dás todos os dias, meu filho.

S #4

Tens cada vez mais força. Esticas-te todo no meu colo quando estamos sentados, como um atleta a cumprir tempos. Viras e voltas a virar, arqueias as costas, fazes trinta por uma linha e eu a ver-te, rendida à tua energia e genica. Nunca alinhei em estereótipos (e não tos quero passar porque são tão redutores na maioria das vezes) mas és mesmo rapazinho. E, orgulhoso, sorris um sorriso maroto que me derrete e delicia. Adoras beijos na barriga, mimos nos pés e muita conversa. Gostas de observar as outras pessoas. Resistes ao sono durante o dia mas lá cedes ao cansaço. Nunca dormes mais de 30 minutos na maioria das tardes. Ouvimos muita música e dançamos. Também Cantamos as doidas doidas e o sapo jururu, uma casa muito engraçada e o pintinho piu. E somos felizes mesmo quando as noites são agitadas ou mamas pior. Os meus dias são muito mais felizes desde que estás aqui :) incomparavelmente mais felizes, mais cheios de baba e beijos rechonchudos.

Colo

Ontem pela primeira vez esticaste os braços na minha direção a pedir colo. O meu colo. Estavas no colo da Dona T., a receber mimos da vizinhança quando não deixaste margem para dúvidas: quero ir à minha mamã :) e a mamã pegou em ti. Pegará sempre, meu amor. Vou estar sempre aqui para ti. Quero estar sempre aqui para ti.

S #3

Sorris muito e cada vez mais. Aprendeste a dar uns gritinhos que são mais de alegria do que frustração. Aguentas-te mais tempo a fazer o que quer que seja mas quando te cansas não queres esperar. Esperneias e esperneias até pegarmos em ti ao colo. Continuas a resistir ao sono de tarde, muito mais do que à noite. Ficaste constipado pela primeira vez. Começaste a fazer fisioterapia por causa do pescoço: desde a barriga que preferes virar-te para o lado direito e temos que te contrariar. Nas primeiras sessões chorei quase tanto como tu. Conheceste a bisavó e experimentaste o ar puro dos pinheiros. Descobriste a magia do vento a fazer mexer as folhas das árvores e a roupa a secar nos estendais. Ensinas-nos também isso: ver as coisas mais simples como que pela primeira vez e deslumbrarmo-nos com aquilo a que para há tantos anos olhávamos sem ver.

Estágio

As manhãs que acordam nubladas transportam-me sempre para os verões da infância na terra onde cresci. A caminho da praia, muito cedo de manhã, o frio entrava pelos calções e fazíamos uma paragem certa no minigolf para dar tempo ao sol para abrir entre uma brincadeira e outra. Era uma espécie de estágio entre o quente da cama e o quente da praia, uma promessa do que viria a seguir. Regresso sempre ao minigolf para me lembrar que não é preciso desanimar quando o sol demora a abrir, seja na praia ou na vida. Isto tudo para dizer que espero que encontres sempre o teu minigolf, um estágio entre o que queres muito e ainda não chegou, mas sempre sem perder a beleza do caminho.

Naquele primeiro dia em casa

Lembro-me do primeiro dia em que fiquei sozinha contigo quando o pai foi trabalhar. Quando a tia C., que nos veio visitar, se foi embora, e tu começaste a chorar como se te estivessem a arrancar a pele eu chorei também. Desde esse dia temos feito juntos um caminho de conhecimento um do outro e aprendizagem do meio. Sei quase sempre por que choras. Consigo acalmar-te, com mais ou menos facilidade, mas consigo. Faço-te rir e tantas e tantas vezes és tu que me pões à gargalhada com as tuas expressões e conquistas. Temos feito este caminho juntos e não há nada de que me orgulhe mais do que a convicção de que cada dia nos conhecemos um bocadinho melhor, caminho feito à custa da maior entrega de todas. Com todas as dificuldades inerentes mas com a certeza de que este amor nos fará sempre dar o melhor de nós.

Ritual

Acho que de tanto ouvirmos (e dançarmos, porque o fado também se dança) o disco do António Zambujo nos nossos momentos de namoro mãe e filho, quando começares a falar vais cantar as letras todas de cor. Prometo aqui que te darei a conhecer todos os géneros musicais, mas tem sido tão gostoso este ritual que nem me lembro de trocar o CD :)

S #2

Já descobriste as mãos e passas a vida com elas na boca. Também ficas a olhar para elas como que a convencer-te que fazem parte de ti. Já te entreténs com o móbil e quando a música termina ficas a olhar para mim para que volte a dar corda. Sorris cada vez mais, quando falamos muito perto da tua cara e fazemos barulhinhos com a língua. Sorris quando nos descobres, parece que se acende uma luz e percebes que estamos mesmo ali. Já deste duas gargalhadas, ou pelo menos achamos que sim. Ontem viraste-te pela primeira vez. Estavas de barriga para baixo e num segundo deste a volta e ficaste de barriga para cima. Apanhei cá um susto. Desde ontem que te mudo a fralda no chão. Fazes cada vez mais sons, como num bailado de palavras imperceptíveis. Gostas do teu 'ginasio' e ficas lá cada vez mais tempo a explorar tudo o que faz barulho. Já babaste o teu boneco trombudinho todo de tanto o levares à boca. Continuas a dormir sete e oito horas seguidas à noite e a acordar bem disposto de manhã. Todos os dias conquistas mais um bocadinho de mundo. E o meu coração, já cheio desse amor pleno de ti, arranja sempre mais um espaço para se deslumbrar e comover.

Conduzir sem sair de casa

Tem dado resultado: arrastar a espreguiçadeira enquanto vou descrevendo o percurso que o pai faz do trabalho até casa de carro. Blá blá blá praça de Espanha, blá blá blá rotunda do Marquês, e nem falta a manobra de estacionamento no final, um clássico que tu já adoras. Bom, pelo menos tem resultado para fazeres uns soninhos, curtos, à tarde. Será que vais ser um apaixonado por carros como o teu pai?

S #1

Adoras conversar. Que falem para ti. Às vezes falo-te do que está a acontecer no mundo: da Grécia, do Casillas no Porto, defeito de profissão com a atualidade só pode. Mas muitas vezes falo de tudo e de nada, vou desfiando o novelo e tu arregalado a ouvir. Também gostas de parar a ouvir-me falar com outras pessoas, mesmo quando a conversa não é diretamente contigo. Sabes, eu também sou assim. Adoro falar mas também adoro ouvir. Nunca gostei de ouvir música de phones no metro porque prefiro ouvir as conversas cruzadas que enchem as carruagens de vozes.

Gosto de pessoas e das suas histórias. E acho que tu, do alto dos teus dois meses e meio, também :)

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