Quando te conheci tinhas apenas 4 semanas e 3 milímetros. Eu? 1,60 metros, nem penses que vou dizer o peso e 29 anos no cartão do cidadão. A aventura de uma mãe inexperiente a viver a mais avassaladora experiência de todas
Quando te conheci tinhas apenas 4 semanas e 3 milímetros. Eu? 1,60 metros, nem penses que vou dizer o peso e 29 anos no cartão do cidadão. A aventura de uma mãe inexperiente a viver a mais avassaladora experiência de todas
Quero que gostes de rir. De rir com a boca toda, de rir até virem as lágrimas, de rir até doer a barriga.
Quero que gostes de ver a chuva da janela. E de contar as estrelas à noite e descobrir que as mais brilhantes são as nossas protectoras.
Quero que valorizes as pessoas. Que saibas que cada uma tem a sua história, que todas as histórias são diferentes e que é também com a diferença que crescemos e aprendemos a ser um bocadinho melhores todos os dias.
Quero que sejas feliz. Sempre. E que mesmo quando caíres saibas que eu vou estar do teu lado sempre para te ajudar a levantar.
Sou tão mais feliz desde que entraste na minha vida. 'Entraste' na minha barriga ao mesmo tempo que entraste no meu coração e cresces num e noutro lado ao mesmo ritmo. Não é só a barriga que tem elasticidade, o coração também tem e é vê-lo aumentar cada dia mais um bocadinho (um bocadinho? Quem é que eu quero enganar? Um bocadão impossível de contabilizar em qualquer calculadora!). Já percebi que a acompanhar o amor, este avassalador amor que ocupou todos os espaços, vem o medo, que um e outro andam de mãos dadas, nesta viagem-para-a-vida que é a maternidade. Já percebi que não há mães sem medo, que ser mãe é também ter medo, mas que o amor - este amor que faz crescer o coração - diz ao medo: 'não te preocupes, vai correr tudo bem'. E vai, meu amor.
Um dia vou ensinar-te que o medo existe, mas não quero que te impeça nunca de voar, se a viagem for destas, destas de aumentar o coração.
Comecei a sentir-te às dezasseis semanas. Eras como um peixe no meu imenso aquário, a nadar nas águas calmas. Agora, aos seis meses de amor, o meu aquário parece um recinto olímpico, onde as modalidades mais acrobáticas têm lugar depois do jantar e pela noite dentro. São tantas e tão intensas que o teu pai não perde uma atuação, quando de mão na barriga chama por ti, meu amor. Imagino-te ginasta, cansado mas feliz, depois de tantas cambalhotas e pontapés, quando nos deitamos para dormir. O meu aquário é o sítio mais feliz do mundo. O sítio onde nos conhecemos. O nosso princípio de tudo. As nossas primeiras palavras, aquelas que só nós ouvimos.
Nas consultas da Mac espera-se o futuro. Há barrigas maiores e mais pequenas, diferentes semanas de gestação a crescer dentro de mulheres à espera. No início sentia-me intimidada pelas grandes barrigas, a minha ainda estava à espera de crescer, olhava para as minhas companheiras de espera e para as luas redondas que carregavam no colo. Mas a minha também cresceu. É menino? Perguntam-me a par e passo. É, respondo orgulhosa. Não por ser menino, mas por seres tu, filho, o meu filho, a minha grande companhia há quase seis meses. É empinada a barriga, dizem. E eu afago-a com a certeza de saber que me sentes aí dentro e que esta nossa comunicação te faz sentir seguro. É toda para a frente, comentam. E eu exibo-a já sem constrangimentos junto às outras barrigas da Mac em dia de consulta. Umas grandes, tão perto da hora de nascer, outras mais pequenas, noutras fases da viagem. Na Mac espera-se o futuro. E eu não podia estar mais feliz com o meu, meu amor. O meu futuro és tu.